terça-feira, 15 de março de 2011

SÍMBOLOS

Esta luz que vem do alto
nem todos a podem ver
porque o orgulho e a vaidade,
mata a luz do entender.

Vila Caiz, minha terra,
pela graça de Jesus
tem lá no cimo da serra
um farol de intensa luz.

A saudade eleva a Deus
se é pura no coração:
é como a hóstia branquinha
da sagrada comunhão.

Esperança que se apagou, pra sempre num coração,
é morte e morte bem triste
pois não tem ressurreição.

Oh velho sino da aldeia,
teu sino reza a Trindade;
e a mente humana se alteia
em versos de eternidade.

Videiras de alto pendor,
dais uvas para o lagar;
e por milagre de amor,
sangue sereis no altar.

Sol ridente do Senhor
que fecunda a terra inteira,
vida dos campos em flor,
bendita a tua fogueira.

Nossa Senhora da Graça,
a tua graça não finda;
e ternamente ela abraça
a minha aldeia tão linda.

É noite. Vou para o leito.
Ergo a Deus o meu olhar.
Com Deus durmo. Mas aceito
que jamais possa acordar.

É noite. No campanário
três badaladas tangeram,
e, das almas, pró sacrário
graças a Deus se renderam.

Vila Caiz terra linda,
mais linda de Portugal.
Tens do céu a luz infinda
e, dele, a graça imortal.

Hóstia branca como linho
és pureza, és alimento.
És Jesus em pão e vinho,
oh Divino sacramento.

Que triste ironia: o mundo
num medonho gargalhar
põe a virtude na lama,
põe o vício num altar.

Dai-me a alegria de outrora,
dai-me a paz do coração.
Sou Vosso filho, Senhora...
Senhora da Livração.

Nossa Senhora da Graça,
a tua graça não finda:
andorinha que esvoaça
em nossa aldeia tão linda.

A dor, com olhos em Deus
nos duros passos da vida,
recebe-a Deus como reza
e dá a força merecida.

Quem pisou o bom caminho
e resistiu à má sorte,
quando acabar o seu dia
não deve temer a morte.

Vive feliz e contente
o homem sem ambição
e ama a Deus, humildemente,
pois tem limpo o coração.

Quem odeia o seu irmão
que foi remido na cruz,
tem certa a condenação,
pois que não ama Jesus.

A humilde fonte que chora,
no meio da solidão,
é alma que sobe a aurora
nas asas duma canção.

Oliveiras cor de cinza,
nessa vossa humilde cor
lembrais braços a rezar,
na solidão, ao Senhor.

Homens que vos ocupais,
nas coisas vãs deste mundo,
deixai isso; e não esqueçais
que a vida é um leve segundo.

Seja do mundo o mais pobre,
privado do maior bem,
se a graça de Deus me cobre
sou mais rico que ninguém.

Uma gota, duas gotas,
três gotas, uma trindade,
Correm no vidro do tempo
fugindo pra eternidade.

Uma trova pequenina
de quatro versos somente,
contém a graça divina
que pró alto eleva a gente.

A lua encanta os poetas;
na alma põe-lhe emoções.
E as musas erguem, discretas,
para Deus doces canções.

A humilde fonte que chora,
no reino da solidão,
é alma que sobe a aurora
nas asas duma canção.

Dia de Sol: romaria.
Dia de chuva: tristeza.
Alma com esperança: alegria.
Alma sem esperança: tristeza.

Alma sem fé: escuridão.
Alma com fé: claridade.
Alma tíbia: frouxidão.
Alma forte: heroicidade.

Nossa Senhora da Graça,
nesse teu monte formoso.
Longe de ti, minha mãe,
sinto-me triste e saudoso.

Na ermidinha da serra,
o sino chamou agora,
para a novena de Maio
à Virgem Nossa Senhora.

Nossa Senhora da Graça,
e querida padroeira,
os teus olhos são estrelas
que dão luz à terra inteira.

Nossa Senhora da Graça,
nossa graça e alegria,
tu és a rosa mais linda
desta nossa freguesia.

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