terça-feira, 15 de março de 2011

PORTUGAL NÃO MORRERÁS

MOCIDADE


Ó Mocidade alegre e generosa,
ó corações em flor deste canteiro!
Da Pátria, nossa Mãe, bela e ditosa
que deu assombro e brado ao Mundo inteiro.


Que esse teu ideal, firme e altaneiro,
escute a voz da Pátria gloriosa,
se o inimigo, em passo traiçoeiro,
lhe ameaçar a paz tão bonançosa.


Nunca te esqueças, não, ó mocidade,
-ave de Abril, em sonho e ansiedade,
de aspiração dum alto e nobre ideal-


de que acima de ti, mas muito acima,
no altar desse teu peito, em doce rima,
deves erguer um hino a Portugal.


Penafiel 14 de Novembro de 1936




TORRE DE BELÉM


Ó Torre de Belém! Ó caravelas
juntas no Tejo à espera da largada,
pras bandas onde nasce a madrugada,
sois sonho evocador de coisas belas.


No céu azul, miríades de estrelas,
com sua luz puríssima doirada,
iluminam a rota à lusa armada
que não teme fantasmas nem procelas.


Ó Torre de Belém, sinal augusto
dessa epopeia heróica e sem rival,
dum povo audaz e coração robusto.


Ó Torre de Belém, voz imortal
Pela eternidade além serás o busto,
deste Povo de heróis -que é Portugal.


1952




Brasil e Portugal






Esse lindo Brasil de encanto e luz;
esse imenso painel de verde cor,
é qual mulher que tenta com ardor,
nos acena, nos chama e nos seduz.


O Cruzeiro do Sul no céu reluz.
E entre milhões de sóis , o seu fulgor,
vai além dos demais, em seu esplendor,
e a gente do Brasil cobre e conduz.


Ó Pátria irmã, é nossa a tua História
que as naus de Pedro Álvares Cabral
escreveram à luz de estranha glória.


Essa audácia epopeica e genial,
gravada está nos longes da Memória.
Eternos são: Brasil e Portugal.


1965




AS TUAS MÃOS


As tuas mãos, Senhora, mãos piedosas,
mais puras do que a neve reluzente
dum lindo sol de Abril resplandecente,
esfolharam, sobre nós, etéreas rosas.


As tuas mãos de graça, maviosas,
erguiam-se pra Deus, serenamente,
qual meiga flor de lírio alvinitente,
envolta em mil essências deleitosas.


Ó finas mãos de maternais doçuras!
Ó quanta dor -ó quanta - em noites escuras
vós tornastes em branca luz de estrelas.


As tuas mãos, Senhora, ai quem me dera,
num mimo e num frescor de Primavera
como outrora, outra vez, voltar a tê-las.


19 de Fev. 1952




TERRA DOS MEUS AVÓS


Terra de meus avós, ó quanto te ama
meu coração de lusitano antigo!
Ó quanto te venero e te bendigo
nesta minha alma ardente numa chama.


Terra dos meus avós, quem te não canta?
E quem não beija o teu sagrado chão?
Quisera ser somente coração
Pra te exaltar, ó Terra heróica e santa.


Terra ideal de sonho e de aventura
lá nesses mares de sóis e lenda escura,
tu eras um desejo insatisfeito.


Amo-te, ó Terra Mãe dos meus avós,
quando na solidão me vejo a sós
e sinto no meu peito esse teu peito.




CAMÕES


Camões, grande Camões, ó glória nossa!
Cantor, sem par, do peito lusitano!
Astro imortal, sublime e soberano!
Onde outro, como tu, igual se esboça?


Camões, grande Camões, quem há que possa
voar mais alto, ó génio sobre - humano?
Fundo segredo do divino arcano,
Quem há aí, no mundo, que o não ouça?


Os teus versos são tubas sonorosas
ressoando, ainda, pelo mar,
como raios de luz que os incendeia.


Subiste, Poeta, às estrelas luminosas;
Ó bem merecida glória pra cantar
os feitos imortais de uma Epopeia.



SONHADOR DE LONGES


No cemitério humilde e pequenino,
da pitoresca aldeia de Gatão,
dorme, no sono eterno, um coração
onde vibrou um sonho cristalino.


É sempre com profunda comoção
que eu relembro esse peito diamantino!
Grande cantor do Belo e do Divino,
Verbo de luz, rasgando a escuridão.


Verbo sem par, fecundo e peito em ânsia!
Ó sonhador dos Longes, da Distância,
do Segredo, da Noite e do Mistério.


Pisaste a Terra de olhos pela altura
a vislumbrar a grande formosura:
esse sonho ideal do Reino Etéreo.



NOBRE PÁTRIA

Nobre Pátria, nobre Pátria,

te saúdo ó terra amada,
pois tu és pela mão de Deus
uma Terra abençaoda.


Nobre Pátria, nobre Pátria,
eu te cant com amor,
pois és um jardim de heróis,
heróis de fé evalor.

nobre Pátria, nobre Pátria,
teu nome ao largo se fez,
pra mostrar a todo o mundo
o valor do português.

Nobre Pátria, nobre Pátria,
lá nessa Índia distante,
subiste ao cume da glória
num gesto audaz, retumbante.


Nobre Pátria, nobre Pátria,
viste um dia em ti nascer
um poeta de alto génio
que o teu nome soube erguer.


Nobre Pátria, nobre Pátria,
quem por ti não sente amor,
Deusa das guerras, das ondas,
princesa de alto valor?

Nobre Pátria, nobre Pátria,
quem te não háde cantar
ao ver a tua paisagem
de sonho , à noite ao luar?

Nobre Pátria, nobre Pátria,
o teu céu que lindo é!
É da bela cor da Esperança
que te deu a luz da fé.

Nobre Pátria, nobre Pátria,
meu jardim de finas flores,
com delicias perfumando
o teu céu de mil esplendores.

Nobre Pátria, nobre Pátria,
Na batalha de Las-Lis,
bem mostraste ser ainda
pátria do Mestre de Avis.

Nobre Pátria, nobre Pátria,
meu país das caravelas
sobre as ndas balouçando
em desafio às procelas.

Nobre Pátria, nobre Pátria,
plo teu génio sem rival,
voa a bandeira das quinas
dum resplendor auroral.

Nobre Pátria, nobre Pátria,
qundo avida me faltar,
quero, minha tera mada,
no teu seio repousar.

Nobre Pátria, nobre Pátria,
sobre ti desceu um dia,
na bendita serra de Aire,
tua Mãe - Virgem Maria

1937



VARANDA DE ENCANTAR

Portugal é uma varanda,
que varanda de encantar.
Foi dela que o grande infante
sondou as ondas do mar.

Portugal, que lindo sonho
que o Deus de ourique sonhou
para pôr nele uma raça
que a Sua fé dilatou.

Portugal é todo um poema
feito das ondas do mar
onde leves caravelas
vão mistérios desvendar.

Portugal, ai quem me dera
ter a arte e o carinho
pra te cantar c´o talento
do poeta do Belinho.



Bandeira Nacional

Ó formosa bandeira verde-rubra,
Minha querida bandeira sem rival!
Que a tua cor de esperança alente e cubra,
Cubra e alente o meu torrão natal.

Os teus castelos –força de outras eras –
São hoje a mesma força contra o Mal.
E sê-lo-á sempre, sempre sem quimeras,
Que o sangue é o mesmo e a Pátria é imortal.

Mas pra que sejas símbolo verdadeiro
Dum povo que foi bravo marinheiro
Nessa rota de sonho e de grandeza,

Tens que gravar em cima dessa esfera
O sinal da unidade – que se espera -
O brasão imortal da Realeza.

1968






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