terça-feira, 15 de março de 2011

BIOGRAFIA

Alguns dados biográficos e uma justificação.

Fernando Marques de Araújo e Queiroz nasceu em 26.3.1910 e morreu em 7 de Julho de 2008, na freguesia de Vila Caiz, Amarante.
A sua longa vida de noventa e oito anos decorreu sem sobressaltos, sem dramas ou inquietações de maior, tão serena que espelha, de alguma forma, a sua personalidade.
A mãe, professora primária, morreu-lhe quando tinha dois anos de idade. O pai, também professor primário, contraiu segundas núpcias e, no seio da nova família, foi criado. Deste casamento nasceram três irmãos (um irmão e duas irmãs).
Embora às paixões platónicas dado, casou quando já tinha mais de sessenta anos de idade e, apesar de tardio, mesmo assim o casamento lhe durou quase quarenta.

Fernado Marques de Queiroz viveu, pois, uma longa vida. Gastou o seu tempo fazendo o que mais gostava de fazer: a ler, a conversar com os amigos, a escrever poesia. E porque dispunha de tempo, leu muito, teve muitos amigos e fez muitos versos.
Foi um homem de uma grande simplicidade e desprendimento de bens materiais: com pouco se bastava e com singelas coisas se deleitava e aprazia ; era um sonhador e um contemplativo e, por isso, deixou que a vida passasse por ele, mais do que o contrário. Foi sempre um homem de fé: mais do que um místico foi um crente, condição que manteve até ao final dos seus dias. E era naturalmente afectuoso com as pessoas, com os animais, com as coisas até.

Trazia sempre consigo - muitas vezes encadernado por si próprio - um pequeno bloco de apontamentos onde, a cada momento, estivesse onde estivesse, conforme a inspiração, ia registando as suas ideias, as suas impressões, os seus sentimentos, as suas memórias, as suas saudades, as suas vivências do dia dia, fossem simples comemorações de aniversários ou assuntos da vida local ou nacional. Mais tarde, passava-os a limpo. Quando atingiram número considerável, agrupou-os por temas em, pelo menos, vinte e um pequenos livros que ele próprio intitulou. É deles que abaixo se faz uma antologia, a qual constitui apenas cerca de metade de tudo quanto o seu Autor deixou escrito.A poesia de Fernando Marques de Queiroz reflete, assim, o modo de ser simples, apaixonado, contemplativo, afectuoso e religioso do Homem que foi.
Poder-se-á perguntar porque se publicitam e dão a lume, agora, estes versos : primeiro porque se cumpre o centenário do seu nascimento; depois, porque parece uma perda injustificável e uma inutilidade que chega a magoar, manter inédito (e provavelmente para todo o sempre esquecido) o resultado de mais de setenta anos de dedicação à causa da poesia.
Do merecimento da sua sua poesia, hão-de julgar os leitores. Por mais severo que seja tal julgamento algo de positivo há-de ficar. Almeida Garrett afirmou um dia (porventura com exagero) trocar toda a sua obra poética por uma conhecida quadra popular.
Aqui, há-de dar-se o caso de o leitor encontar uma imagem, uma sonoridade, um conceito, um simples verso que, de tão belos, valham por toda a obra do próprio poeta, Fernando Marques de Queiroz.

7 comentários:

  1. É uma bela homenagem a um homem bom e a uma alma sensível. Ainda bem que se tenta perpetuar a sua memória e alguns dos belos poemas que deixou.
    MJ Monteiro-Covilhã

    ResponderEliminar
  2. "Tu és filho da Rosa Freitas, não és?

    Sou sim Sr. Marques.

    Mas não és o Rui...

    Não Sr. Marques, sou o Antero, o mais novo.

    Vós sois parecidos...sabes que quando fazíamos teatro, ah, e a tua irmã Fernanda..."

    Uma memória. Das que ficam para sempre.

    E ao ler a biografia veio-me à lembrança o homem sempre vestido com aprumo, elegante, direito, com o seu chapéu de xadrez (tinha um assim não tinha?) e um livro ou um caderno debaixo do braço. Um homem afável, cortês, inteligente, sempre disposto a uma conversa, o contar de uma história. Gostava de se ver rodeado pela juventude. Tive o privilégio de o ter escutado algumas vezes.

    O Sr. Marques.

    Uma bela homenagem, este blog. Merecida. Muito merecida.

    Obrigado pela partilha.

    Abraço

    Antero Freitas

    ResponderEliminar
  3. O Sr. Marques era uma pessoa muito boa, simples mas com uma educação de alto nível, fui vizinho dele alguns anos no lugar do cruzeiro, tenho alguns livros encadernados por ele, e alguns objectos cedidos por ele a minha falecida esposa Sílvia.
    Saudades

    ResponderEliminar